27/03/2013
O papel da família na prevenção e no consumo precoce de álcool
Diálogo aberto e colocação de limites ajudam a proteger crianças e jovens do abuso de bebidas alcoólicas
A família é um grupo social com uma organização complexa e que
possui um papel fundamental na constituição dos indivíduos. Além de
estar intimamente relacionada ao amadurecimento e desenvolvimento
biopsicossocial, ela é responsável pelo processo de socialização
primária, ou seja, quando a criança se adapta e se apropria das
exigências do convívio em sociedade.
O contexto familiar é marcado por diversos períodos e eventos que
afetam direta ou indiretamente todos os seus membros. Um exemplo é o
período que corresponde à adolescência (12 a 18 anos), considerada uma
fase de intensas transformações relacionais, especialmente entre pais e
filhos. É uma etapa da vida na qual um indivíduo adquire habilidades e
atributos necessários para se tornar adulto. Marcada pela busca de
identidade, escolha de papéis, essa fase contempla também o
desenvolvimento neurocognitivo - amadurecimento biológico que possui
importante papel na tomada de decisões, no bem-estar emocional e no
comportamento. Os jovens se veem repletos tanto de oportunidades quanto
de vulnerabilidades associadas aos comportamentos de risco como, por
exemplo, o início do uso de bebidas alcoólicas.
Família: influência positiva ou negativa?
Evidências científicas apontam que determinadas características ou
situações podem aumentar ou diminuir a probabilidade de surgimento e/ou
agravamento de problemas com o álcool, conhecidas como "fatores de risco
e proteção". Dentre os fatores de risco se destacam: genética,
transtornos psiquiátricos - transtornos de conduta - falta de
monitoramento dos pais e disponibilidade do álcool. Já entre os fatores
protetores, destacam-se: controle da impulsividade, supervisão dos pais,
bom desempenho acadêmico e política sobre drogas. Vale ressaltar que os
fatores de risco não são necessariamente iguais a todos os indivíduos e
podem variar conforme a personalidade, a fase do desenvolvimento e o
ambiente em que estão inseridos.
Diante deste cenário, pais e familiares desempenham um papel
importante na prevenção do uso de álcool pelos jovens. As primeiras
interações da criança ocorrem com seus familiares e podem ser positivas
ou negativas. Por essa razão, os fatores que afetam o desenvolvimento na
família são provavelmente os mais cruciais, podendo exercer tanto um
caráter protetor como de risco para o uso e abuso do álcool.
Observamos em pesquisas científicas que as crianças estão mais
propensas a desenvolver problemas com álcool quando há falta de
envolvimento afetivo; ambiente familiar vulnerável; pais com histórico
de abuso de drogas, transtornos mentais e comportamentos criminais;
falta de autoridade e uso de álcool na família. Quando se trata
especialmente do abuso de álcool pelos pais ou cuidadores, essas
experiências podem comprometer o vínculo familiar e ameaçar os
sentimentos de segurança que as crianças precisam para um
desenvolvimento saudável.
Por outro lado, as famílias podem atuar de maneira protetora,
principalmente quando existem fortes vínculos familiares, envolvimento
dos pais na vida da criança, apoio da família ao processo de aquisição
da autonomia pelo adolescente; suporte familiar acerca dos aspectos
financeiros, emocionais, cognitivos e sociais; envolvimento afetivo;
hábitos saudáveis; comunicação clara e sincera; discernimento quanto aos
papéis de pais e filhos; limites claros e consistentes na aplicação de
disciplina e monitoramento dos diversos processos de crescimento e
desenvolvimento.
Em suma, destaca-se a importância da família como o primeiro e
relevante agente para a formação de valores que protegem o jovem do
consumo precoce e excessivo de álcool. O diálogo aberto e a colocação de
limites constituem uma importante ferramenta na proteção do indivíduo.
Fonte: Minha Vida : http://www.abead.com.br/noticias/exibNoticia/?cod=831
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